Coragem, ou assumir um risco que vale a pena enquadra-se directamente nas virtudes e forças da psicologia positiva, permitindo que as pessoas actuem em direcção a objectivos que valorizam, apesar da possibilidade de consequências negativas pessoais resultando assim em estados emocionais negativos. Estas acções corajosas são tomadas como escolha livre e consciente de todos nós, apesar do risco para nós, em prol de um objectivo bom ou nobre. Assumir um risco muito grande por uma meta minimamente valiosa é temerário, enquanto correr um risco muito pequeno por uma meta extremamente valiosa não chega ao nível da coragem. A proporcionalidade relativa do risco em relação ao valor da meta é baseada na avaliação subjectiva da pessoa que realiza ou observa a acção. Faz-me lembrar algo que defendo: nunca, jamais em tempo algum calçarás os sapatos do outro e somente essa pessoa sabe porque fez o que fez.
As acções geralmente consideradas corajosas por todos tendem a ser aquelas em que todos concordam que o risco é substancial e o objectivo é valioso (e.g., salvar a vida de uma criança correndo para um prédio em chamas). Esta acção apresenta um risco óbvio, universal e claro e é um exemplo convincente de um objectivo nobre. No entanto, muitas acções são corajosas apenas para indivíduos específicos. A coragem pessoal descreve acções avaliadas como arriscadas apenas para ou pelo próprio actor, mas que, para a maioria das pessoas, não seriam arriscadas (e.g., uma pessoa com medo de falar em público). Quando uma meta é valorizada pelo actor, mas activamente combatida pela sociedade, tais actos são avaliados como sendo pouca ou nenhuma coragem. Neste caso específico, por vezes ganha a “pressão” social fazendo desvanecer ideias e até atitudes que beneficiariam muitas pessoas, incluindo o próprio (e.g., dar a sua própria opinião).
Em tempos de crise, os dois elementos-chave da coragem - riscos e objectivos - costumam ser repentinamente e drasticamente alterados. Em tempos de pandemia, estamos a enfrentar o risco de propagar um vírus mortal e muitos outros "riscos de efeito cascata", como o risco de perda de emprego decorrente de crise económica e o risco de depressão decorrente do isolamento social. Ao mesmo tempo, a Covid-19 reduziu drasticamente ou alterou os objectivos de muitas pessoas, incluindo a carreira, a educação, metas de lazer e metas de relacionamento. Como tal, a pandemia fez com que as pessoas utilizem a sua coragem, bem como considerem-na mais intencional e proporcional relativamente ao risco em comparação com o valor do objectivo. Este é o caso tanto para os profissionais de saúde da linha de frente que estão a assumir grandes riscos socialmente valorizados, quanto para o leigo que decide começar a fazer terapia psicológica ou correr o risco ao transformar o seu modelo de negócios num espaço online. Portanto, a coragem é uma força fundamental a ser utilizada durante esta pandemia global.
Existem diferenças generalizadas no que as pessoas percebem como arriscado (incluindo os riscos do próprio vírus, bem como a probabilidade de contraí-lo em primeiro lugar) e diferentes percepções do valor de uma variedade de objectivos (incluindo eventos pessoais e ocasiões). A persistência dessas diferenças pode resultar em opiniões divergentes sobre a coragem e a imprudência de qualquer acção em particular. O que uma pessoa vê como um risco razoável, outra pode ver como falta de coragem. Como é que a coragem geral e a coragem pessoal podem ser aproveitadas durante a pandemia? Os estudos preliminares descobriram que os participantes geralmente descrevem tentar aumentar a sua própria ideia de coragem, lembrando-se do valor da meta que estão a perseguir. A coragem também pode ser auxiliada pela sabedoria e perspectiva, ambas as quais podem ajudar a decidir se vale a pena correr um risco específico na busca de um objectivo específico. A coragem desempenha um papel especial em tempos de crise. Garantir o valor dos próprios objectivos, recordá-los e tomando medidas para mitigar o risco - incluindo o risco para os outros - pode provavelmente fomentar a coragem nestes tempos difíceis.
Esta é mais uma razão para acreditares em ti, seres persistente e lembrares-te de uma coisa importante: só tu tens de acreditar no que queres. Simples assim. Sê corajoso(a)!!
Vamos fazer psicoefeito?
Obrigado por leres!
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